A questão do desmatamento no Brasil hoje em dia é uma pauta cada vez mais urgente. Então, veja a seguir qual a previsão da ação no ritmo atual. Além disso, saiba o que pode ser feito para combater a prática.

O cenário atual do agronegócio

Mesmo levando em conta a crise que o país passa, esse setor soube se adaptar. Aliás, conseguiu gerar resultados que causam surpresa e até bateram alguns recordes.

O PIB, por exemplo, obteve um avanço de 24,3% no ano de 2020. Dessa forma, sua fatia chegou à marca de 26,1% no Brasil. Muito dessa boa fase está ligado às exportações, que cresceram por dois fatores:

  • Commodities com preços mais altos no cenário estrangeiro;
  • Baixo valor da moeda brasileira diante do dólar.

Na prática, isso fez com que os custos dos produtos ficassem maiores por terem valores em dólar. Assim, os seus preços ficaram mais competitivos.

Bons recordes

Ainda que os números sejam bons, é preciso considerar os fatos a seguir:

  • Na verdade, é uma recuperação da queda de 2017 e 2018 no setor;
  • Os preços altos não influenciam alguns produtos com as safras negociadas;
  • A margem dos produtores caiu por causa do aumento dos custos de produção.

O outro lado: 1 milhão de hectares desmatados até 2030

Com a carne se tornando mais escassa devido à crise, a produção bovina deve crescer. Nesse sentido, espera-se produzir, por ano, pelo menos 12 milhões de toneladas do alimento.

A promessa é que seja até 2030, o que significa um número em torno de 1,4% até 2,4%. Agora, aos fazendeiros, a lógica quer dizer elevar em 17% a produção pelos próximos 10 anos.

Com a produtividade por hectare sem nenhuma adição, o futuro não é tão bom. A princípio, o agronegócio terá, por ano, mais de um milhão de hectares desmatados na Amazônia.

O prejuízo causado pelo desmatamento

Imagem de troncos de árvore cortados

Um estudo publicado em maio de 2021 prevê prejuízo em mais de R$ 5 bilhões. Entretanto, a parte financeira é só um dos problemas causados pelo desmatamento. Isso porque, o volume de chuvas por ano cai com essa ação.

Como resultado, as plantações podem ter queda no lucro devido à produção reduzida. Mas, essa questão pode ir além, segundo os pesquisadores. Assim, o sistema praticado na região, de dupla safra, poderá ser extinto em breve.

Há como evitar

Existem formas de contornar a situação e o próprio Brasil consegue ser produtivo sem precisar desmatar. Nesse sentido, Paulo Barreto, um engenheiro florestal, publicou um estudo sobre reforma de hectares.

Com isso, os pecuaristas da região deveriam remodelar de 170 mil até 290 mil hectares em estado de degradação até 2030. Dessa maneira, a produção iria subir de 80 kg para 300 kg por hm².

Barreto afirma que essa opção não se sustenta, ainda que seja mais viável. Segundo ele, o estímulo ao desmatamento pode fazer dessa a escolha mais vantajosa.

Investimento em produtividade baixa

Caso olhe de modo histórico, o setor costuma receber muitos financiamentos e estímulos. Por exemplo, teve cerca de R$ 12,3 bilhões em recursos. Agora, em 2020, estados das regiões Norte receberam R$ 9,15 bilhões para a pecuária bovina.

Os resultados geraram um grande aumento (10 vezes) de cabeças de gado na Amazônia Legal. Antes de tudo, elas eram cerca de nove milhões em 1974. Por fim, o número chegou aos 89 milhões no ano de 2019.

Entre os pequenos agricultores, no entanto, os incentivos saem pela culatra. Afinal, colaboram com a pouca renda gerada e a baixa produtividade, que é influenciada por:

  • Colaboração baixa entre os produtores menores;
  • Falta de informação e, por fim, de normas políticas ajustadas.

Principais eixos para combater a prática

O engenheiro Paulo Barreto ainda mostrou quatro caminhos principais para o combate ao desmatamento, sendo eles:

  1. Fiscalizar de modo mais eficaz;
  2. Proteger as terras públicas e dirigi-las para conservação;
  3. Maior transparência para incentivar medidas de combate ao desmatamento;
  4. Aumentar a remuneração pelas florestas conservadas.

A solução para atrair investidores

No Brasil, a Amazônia é vista como um grande atrativo para investidores e seus planos. Dessa forma, é natural que eles fiquem de olho no estado da região verde.

Uma maneira útil de atraí-los para aplicar no país é reduzir os níveis de desflorestamento. Mas, teriam que voltar ao que se registrou em 2012. Ou seja, algo em torno de 3,5 km² de floresta desmatada.

Em 2020 e 2019, por exemplo, o número passava de 11 km². Como resultado, a política ambiental do governo recebeu várias críticas internacionais.

As métricas importam e os resultados também

Essas métricas são cruciais para os investidores por indicarem como o país se preocupa com a causa. Contudo, só anunciar esforços não é suficiente, é preciso mostrar resultados para ter transparência.

Fatos como o aumento da área desmatada, portanto, causam maior receio. Por exemplo, algumas maneiras de produzir sem desflorestar incluem:

  • Integrar a produção de carne com a de grãos;
  • Fazer a rotação de áreas.

O motivo de preservar o meio ambiente ser essencial

No rumo atual, o Brasil segue para desfazer várias das conquistas no setor obtidas desde 2005. Segundo os pesquisadores, projeta-se que em 2025 os níveis de desmatamento cheguem a 27 mil km² ao ano.

Este ritmo, portanto, pode prejudicar de modo grave o agronegócio no país. Afinal, elas alteram o clima e afetam vários detalhes do meio ambiente. A redução das chuvas, por exemplo, ajuda no aumento da temperatura e abala:

  • A umidade e a qualidade do solo;
  • Os polinizadores e as pragas.

Boa parte da produção agrícola nacional, inclusive, depende da água da chuva. Portanto, qualquer alteração pode causar um problema mais grave no processo.

Mais questões

O desmatamento afeta também o solo, prejudicando sua proteção e causando perda da área produtiva. Sobretudo, não há como repor a vegetação nativa, visto que as raízes das plantas ficam na superfície.

A consequência disso é a água não se infiltrar no solo, o que gera:

  • Falta de reposição nos lençóis freáticos;
  • Erosão e poluição de vários rios.

O agronegócio vai desmatar mais e é preciso cautela

Neste artigo você viu como o desmatamento causado pelo agronegócio pode gerar um cenário complicado. Ou seja, tende a criar um forte retrocesso em tudo o que o país avançou.

Mais do que isso, o ritmo atual tem projeção de acabar em um ponto sem volta. Dessa forma, é urgente que o Brasil diminua os níveis da prática para contornar a situação.

A solução não é simples e depende de vários fatores, sobretudo, uma boa governança. No entanto, diante do estado atual, tomar essas medidas vai fazer toda a diferença.