O ambiente nutritivo favorece o surgimento dos gigantes, que estão desaparecendo por causa da ação humana             

 

A região amazônica tem a maior biodiversidade do mundo e possui diversas particularidades. O bioma apresenta uma vegetação densa, a fauna e flora são diversificadas. A floresta também tem rios extensos e de extrema importância para o país.

O bioma da Amazônia corresponde a 49% do território brasileiro. Porém, não é só isso que chama atenção. A região tem a maior bacia hidrográfica e a maior floresta tropical do mundo, que ajudam a manter o equilíbrio ambiental do Planeta. Por todas essas características e importância, a preservação torna-se mais do que necessária.

Entretanto, o que vemos é o contrário do que se deveria fazer. Os altos índices de desmatamento têm prejudicado a floresta, os animais terrestres e os peixes. A exploração e a pesca predatória têm levado ao desaparecimento de muitas espécies, inclusive dos famosos peixes bagres, gigantes dos rios amazônicos.

Por que há peixes gigantes na Amazônia?

Imagem de homem carregando peixa
Imagem de Pinterest

Pirarucu e Dourada são uma das espécies gigantes que podem ser encontradas nas águas doces dos rios amazônicas. Muito apreciados na culinária, esses peixes têm um motivo para serem grandes. A Amazônia oferece condições que permitem o desenvolvimento desses gigantes, embora estejam cada vez mais sumidos.

Um dos motivos para os peixes gigantes é a mistura das águas do rio e do oceano, conhecido como estuários. O fenômeno é definido como um corpo de água semi fechado localizado no limite entre o continente e o oceano

Os estuários são muito produtivos. Isso porque os rios oferecem grandes quantidades de nutrientes. Já as ondas e marés ajudam a manter a água bem oxigenada e agitam o sedimento, suspendendo nutrientes e matéria orgânica do fundo. A região costeira oferece muitos recursos pesqueiros, geralmente muito explorados pela pesca comercial. As condições abióticas da área são propícias para a variedade de espécies.

É um ambiente nutritivo e que favorece o surgimento dos peixes tipo bagre. Só para ter ideia, muitos desses animais podem passar dos 2 metros de comprimento e pesar mais de 200 quilos.

Cadê os peixes?

Assim como as florestas, os rios amazônicos são ricos em diversidade e a sua bacia hidrográfica abriga cerca de 3 mil tipos de peixes. Mas muitas dessas espécies estão ameaçadas por diversos motivos.

De acordo com o professor de Engenharia de Pesca da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Carlos Freitas, há muitos fatores para o desaparecimento dos peixes, como pesca predatória, captura de peixes jovens ou durante a reprodução, quando a pesca é proibida. A sobrepesca, feita de forma desenfreada e insustentável, é uma das maneiras mais predatórias e que exterminam várias espécies.

As hidrelétricas também são um problema na Amazônia. A construção desses equipamentos ameaça os estoques de peixes dos rios, entre eles os bagres e outros tipos.

Todas as ações humanas têm contribuído para o sumiço de pequenos peixes, tanto quanto dos gigantes fluviais, causando um grande problema para os pescadores locais, que dependem da pesca para sobreviverem.

Uma pesquisa realizada pela revista “Fisheries Research”, as hidrelétricas são as maiores responsáveis pelo sumiço dos gigantes fluviais. Somente em Santo Antônio e Jirau, no rio Madeira (RO), a construção energética fez reduzir drasticamente os peixes amazônicos, impactando especialmente os migradores, como a Dourada.

De acordo com os dados do estudo, entre os anos de 1995 e 2009, houve uma queda de 74% no número de pescas da Dourada e de 63% dos peixes migratórios de longa distância.

Para o professor Carlos Freitas, as hidrelétricas causam impactos imensuráveis nos ecossistemas da Amazônia. Na sua opinião, o sistema deveria ser proibido em rios da região, evitando o sumiço dos peixes gigantes.

Freitas explica que a “piscina” construída ao lado das hidrelétricas, para que os peixes migratórios continuem o seu percurso, não são soluções viáveis para os bagres. Isso porque, os gigantes como o Piraíba e Dourada não conseguem saltar para escalar os degraus, dificultando o seu trajeto natural.

A pesca predatória também é um dos causadores do desaparecimento de peixes como o Pirarucu. A pesca sustentável ajudaria a tirar essa espécie do perigo da extinção e continuaria a fazer parte da economia local.

Então, reforçando as principais causas para o desaparecimento dos peixes gigantes são:

  • Construção de hidrelétricas;
  • Pesca predatória;
  • Desequilíbrio ambiental;
  • Sobrepesca.

Aplicativos para encontrar bagres

Mesmo com todos os problemas ocasionados com a exploração predatória da floresta e pelas ações humanas desastrosas, pesquisadores encontraram uma maneira de registrar aparições dos peixes gigantes que vivem nas águas da Amazônia.

Cientistas brasileiros e da América Latina desenvolveram o aplicativo Ictio, que é capaz de localizar os bagres. O registro dos peixes é realizado não apenas na natureza, mas no mercado. Os dados ajudam os estudiosos a entenderem mais sobre o sumiço das espécies, encontrando soluções para evitar o desaparecimento total.

O estudo também conta com o apoio de pescadores, que ao lado dos pesquisadores já conseguiram registrar mais de 7 mil peixes gigantes. O aplicativo ajuda na preservação e os dados fornecidos por ele devem ser utilizados para propor manejo das espécies de maneira mais consciente.