Foi lançado ao espaço o primeiro satélite 100% brasileiro, o ”Amazônia 1”, no domingo, dia 28/02/2021. O lançamento aconteceu em torno de 1h54, no Centro de Lançamento de Sriharikota, localizado na Índia. O primeiro satélite brasileiro foi lançado ao espaço em conjunto com os satélites Sindhu Netra, Nanoconnect-2 e SpaceBee, todos dos Estados Unidos (EUA).

Após aproximadamente 17 minutos do lançamento do foguete, o satélite se segmentou e já fez suas tarefas previstas, tais como:

  • Abrir o painel do sol;
  • Precisão de sua orientação em relação ao planeta Terra;
  • Análise dos sistemas e modo de prontidão.

Segundo o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas (INPE), senhor Clezio de Nardin, o próximo passo é iniciar os testes e ajustar as lentes das câmeras, afirmou.

O utensílio veio para integrar o sistema Deter e contribuir para análise do desmatamento na Região Amazônica. Ademais, pesa 640 quilos, tem 4 metros e vai estar em uma distância de 750 quilômetros da superfície terrestre. Sua órbita será entre os polos norte e sul e vai pegar imagens de alta resolução. O início das fotos se dará após cinco dias que o satélite se estabilizar na órbita.

A criação do satélite se deu no Instituto Nacional de Pesquisas (INPE), localizado em São José dos Campos e foi transportado para ser lançado na Índia. Marcos Pontes, Ministro da Ciência e Tecnologia, e o diretor do INPE foram os brasileiros que acompanharam o lançamento do satélite.

Já em órbita terrestre, o satélite emitirá sinal para três estações de monitoramento brasileiras localizadas respectivamente:

  • Cuiabá (Mato Grosso);
  • Alcântara (Maranhão);
  • Cachoeira Paulista (São Paulo).

Os movimentos do satélite também serão coordenados por outra estação localizada no INPE.

O desenvolvimento do projeto

O projeto surgiu há oito anos, no INPE, e contou com recursos na casa dos 400 milhões de reais e trabalho de inúmeros pesquisadores. Após cerca de oito anos do início do projeto, houve estagnação do projeto por falta de recursos. Ocorre que em dezembro de 2020 foi concluído.  Antes de ser lançado à órbita em dezembro, o satélite passou por muitas análises.

A data inicial de lançamento estava prevista para o dia 22 janeiro, mas acabou sendo remarcada. A alteração ocorreu a pedido dos profissionais responsáveis pelo lançamento, que requereu mais tempo para a preparação do lançamento.

Foi planejado todo um sistema de transporte já com o satélite desmontado. Foi transportado por meio de um avião tipo cargueiro e passou por Senegal antes de chegar à Índia.

Os investimentos

E o mais contraditório é que, em pouco tempo anterior ao lançamento do satélite, o INPE suspendeu as bolsas de 107 pesquisadores alegando falta de verba. A espécie das bolsas era PCI, a qual mantinha os pesquisadores exercendo trabalho e não só pesquisa no instituto.

O corte alcançou sete cientistas responsáveis pelo Amazônia 1, responsável pela etapa final do projeto e lançamento. Sem contar mais com os recursos, os cientistas estavam impossibilitados de exercer suas atividades e isso poderia colocar em risco o lançamento já previsto.

Então, a fim de preservar a data do lançamento e evitar mais uma vez seu adiamento, a Agência Espacial Brasileira (AEB) interviu e bancou as bolsas. Daí antes de embarcar para Índia, o ministro Marcos Pontes, afirmou que a verba destinada às bolsas voltará e, consequentemente, as bolsas serão mantidas.

A importância do primeiro satélite 100% brasileiro

Conforme preconizado pelo próprio INPE, os dados gerados pelo satélite serão importantes para abarcar outras ocupações correlatas:

  • Monitorar a região costeira;
  • Monitorar alguns reservatórios de água;
  • Monitorar as florestas naturais e cultiváveis;
  • Monitorar a existência de alguns desastres ambientais, entre outros.

Além da existência do primeiro satélite 100% brasileiro, o Brasil já conta com os satélites CBERS-4 e CBERS-4A em atividades nas órbitas.

“Agora podemos contar com três satélites trabalhando ao mesmo tempo. Assim, conseguiremos adquirir um volume muito maior de dados atinentes às questões ambientais”, afirmou, Clezio Marcos de Nardin, engenheiro eletricista responsável pela direção do INPE.

Ainda segundo Nardin, há previsão de lançamento de mais dois satélites para os próximos anos:

  • Amazônia 1B;
  • Amazônia 2.

“Através do Amazônia 1 haverá reforço no sistema de levantamento de dados e geração de imagens”, relatou Nardin. Explicou, também, que o aparelho deve produzir números sobre vegetação, agricultura, emitir alertas, etc., afirmou o diretor. De acordo com o diretor do INPE, haverá um ganho considerável nos volume de dados.

 

Utilidade na agricultura

O material adquirido pelo satélite também será útil para agricultura. Segundo especialistas, o uso servirá para o monitoramento da agricultura e da existência das queimadas persistentes.

O satélite foi produzido para gerar imagens do planeta de cinco em cinco dias. E em relação a um ponto específico é responsável pela produção de imagens em apenas dois dias.

Se por ventura, haja algum desastre ambiental específico, tal como o rompimento da barragem de Mariana/MG, o equipamento poderá ser direcionado àquele ponto específico. Além disso, os focos de queimadas também poderão ser ajustados.

Conforme ressaltou o engenheiro agrônomo, Cláudio Almeida, responsável pelo monitoramento da Amazônia e de outros biomas, a maior vantagem será por conta da soma dos três satélites. Já com três satélites em operação, um ponto específico poderá ser revisto de 2 em 2 dias.

O material coletado deverá ser transmitido para os cientistas, uma vez que o INPE se comprometeu pela disponibilização dos dados de forma gratuita. A política deverá ser mantida a fim de que toda comunidade tenha acesso aos dados.