Proposta busca transformar hábitos através de novas tecnologias

Indivíduos que estudam a área de logística podem (ou deveriam) estar mais acostumados com o termo Indústria 4.0 – ou Quarta revolução Industrial. Essa ideia, resumidamente, se refere à utilização de novas tecnologias para aprimorar processos fabris ao redor do mundo, sempre buscando diminuir os impactos ambientais desse segmento.

Foi seguindo esses passos que o climatologista Carlos Nobre, orientado pelo biólogo Ismael Nobre, criou o projeto Amazônia 4.0. Na prática, esse modelo busca resultados alinhados aos do conceito anterior, tais como:

  • Diminuir a poluição;
  • Aprimorar modelos de trabalho;
  • Utilizar ferramentas modernas.

Todos esses pontos se unem para aumentar o desempenho de diversos mercados. Quer entender como isso está sendo feito? Continue no artigo!

A anatomia do programa

Para conceber algo tão ambicioso, diversos pesquisadores foram envolvidos. Além de Carlos e Ismael Nobre, já citados, também participam do projeto diversos professores de engenharia da computação da Universidade de São Paulo (USP).

Entre os nomes de maior destaque, está o de Tereza Cristina Melo de Brito Carvalho, do departamento de engenharia da computação do Laboratório de Sustentabilidade da Escola Politécnica da USP. A doutora comanda a pasta ao lado dos professores Marcos Simplício e Antônio Saraiva.

O que vai ser feito?

Diversas ações devem ser tomadas para otimizar o trabalho e o desempenho de produtores amazonenses. A começar pela valorização do próprio ambiente, que deve ser visto com mais otimismo pelas populações locais. Tereza Cristina exemplificou esse ponto ao Jornal da USP através de um plano exploração de cacau no próprio estado.

Segundo ela, a maior parte do lucro desses produtos é gerado fora da Amazônia ou, até mesmo, do Brasil, visto que esse produto é frequentemente exportado bruto para outras regiões. A ideia é trabalhar com todas as etapas de produção dentro do próprio território, investindo na indústria e na mão de obra local.

A doutora acredita que essa medida vai mostrar ao povo local que é possível ganhar mais dinheiro com a floresta e, dessa forma, essas pessoas terão mais interesse em “(…) proteger a floresta amazônica e ir contra o desmatamento”. Dessa forma, será possível “(…) explorar o cacau na própria Amazônia, produzir e criar biofábricas para a geração do produto final”.

Laboratórios Criativos

Outro pilar da Amazônia 4.0 são os Laboratórios Criativos, espaços dedicados à criação de produtos feitos com materiais retirados da floresta. A ideia, como foi explicado, é valorizar as vendas e aumentar a margem de lucro de regiões que trabalham com esses modelos. Porém, esse processo não é algo superficial, que se restringe apenas ao meio criativo.

Para desenvolver o Laboratório Criativo de cacau-cupuaçu, por exemplo, uma extensa pesquisa de campo foi realizada. A princípio, os cientistas passaram uma semana em uma plantação de cacau no Rio de Janeiro, entendendo como funciona o processo de produção desse fruto. Paralelamente, especialistas dessa área foram consultados, até que se definissem os investimentos em infraestrutura que deveriam ser propriamente feitos.

Velhos produtos com novas tecnologias

Garantir a originalidade e a qualidade de produtos amazônicos é essencial para promover a credibilidade de marcas desse segmento. Por isso, os pesquisadores envolvidos investiram em diversos métodos para lapidar os meios de produção, além de criar maneiras de atestar a procedência desses artigos. A seguir, você pode conhecer alguns deles:

  • Big Data

Entre os estudiosos de tecnologia da informação, Big Data é definido como um grande conjunto de dados virtuais que são armazenados e processados frequentemente. Esse termo popularmente dividido em três v’s, que são a variedade, a velocidade e o volume. A compreensão desse modelo é considerada uma das características mais essenciais para profissionais do futuro de diversas áreas.

  • Biotecnologias

A biotecnologia é uma vertente da biologia que, como o nome indica, utiliza estudos científicos para produzir tecnologias a partir de organismos vivos. Entre os produtos mais comuns criados através desse meio estão os antibióticos, os produtos transgênicos e até vacinas. Esse modelo pode ser aplicado na Amazônia através de diversas maneiras, mas principalmente na agricultura.

  • Blockchain

O conceito de blockchain pode ser compreendido com mais facilidade se dissecarmos esse termo. “Block”, do inglês, significa “bloco”, e “chain”, também do inglês, significa “corrente”. A ideia dessa palavra é passar algo como “corrente de blocos” ou “blocos em corrente”, um sistema que permite rastrear parte de alguns códigos de informações online. Normalmente esse modelo é utilizado para transações de criptomoedas ou moedas digitais.

  • Nuvem

Por mais que estejamos abordando uma pauta ambiental, não estamos falando das nuvens tradicionais que circulam pelos céus. As nuvens, em questão, são ambientes virtuais, estruturados a partir de servidores físicos, que servem como espaço de armazenamento e compartilhamento de dados. A ideia dessa tecnologia é diminuir a utilização da memória de computadores, aumento o dinamismo da transferência de dados via internet.

  • QR Code

Originalmente definido pelo termo “Quick Response Code”, ou código de resposta rápida, o QR Code é uma espécie de código de barras do futuro, mais veloz e mais universal. Diferente de seu antecessor, que só poder ser lido de maneira horizontal, possui um desenho 2D, ou seja, também possui códigos na vertical. Mesmo sendo uma tecnologia um pouco antiga, criada no Japão em 1994, passou a ser utilizada em grande escala na atualidade, podendo ser lida por celulares sem dificuldade. Na Amazônia 4.0, o QR Code é utilizado para informar ao consumidor final que seu produto foi, de fato, produzido no estado nortista.

Todas essas características se unem para aprimorar os sistemas de produção na região, buscando evoluir a Amazônia de forma social e econômica. Mesmo com tantos empecilhos criados por organizações estatais, principalmente na camada federal, projetos eficientes como o descrito acima tendem a se tornar, cada vez mais, a bússola de uma das áreas mais importantes do Brasil.