Em um estudo divulgado pelo Greenpeace em 2016, houve a confirmação da existência submarina de um recife de corais localizado na foz do Rio Amazonas. Algo que muitos acreditavam não ser possível existir na área, porém que teve sua presença confirmada como verdadeira.

O resultado deste estudo causou controvérsias em relação à existência do recife, e colocou sob perspectiva a importância desses ecossistemas. Assim como, as políticas de exploração petroleira off-shore (fora de terra) no literal da Região Norte do país.

Neste artigo exploraremos os resultados do estudo, as controvérsias, o que é um recife de corais, sua importância para o meio ambiente e manutenção de vida de diversas criaturas.

O que são corais?

Corais são pequenos animais marítimos, com um exoesqueleto, usualmente, em formato de tubo e tentáculos, sendo que estes são invertebrados. Eles se reproduzem tanto de modo assexuado como sexuado, e assim formam colônias, filhotes e até mesmo recifes.

Os corpos dos corais têm o nome de pólipo, e são os responsáveis pela fixação do coral para formação de outros corais e para a proteção dos mesmos. Eles se alimentam paralisando suas presas em seus tentáculos antes de consumi-las.

Além disto, dentro do corpo do coral existem algas microscópicas que sobrevivem de forma simbiótica com o coral. Oferecendo, através de fotossíntese, energia e alimentação ao coral e em troca recebendo a proteção do exoesqueleto do mesmo.

Então o que são os recifes de corais?

Recifes de corais, são um ecossistema único submarino. Eles são tão variados em cores e formatos quanto as florestas tropicais e outros ecossistemas que vemos na superfície terrestre. Inclusive muitos parecem com elas quando observados em fotos.

Porém, sua formação é completamente diferente. Eles são majoritariamente constituídos por pólipos, formações calcárias que se originam do carbonato de cálcio liberado pelas colônias de corais, algas e moluscos.

Quando um dos pólipos morre, novos pólipos se formam em cima dos corpos dos antigos, que deixam uma camada fina carbonato de cálcio. Assim, aparentando ser similar a uma formação rochosa de vários corais.

Devido a este processo de formação apenas as camadas superficiais dos recifes de corais são realmente vivos.

O milagre: Recife de Coral na foz do Rio Amazonas

Levando em consideração como os corais funcionam, eles precisam de algumas coisas fundamentais para subsistência, uma delas sendo a fotossíntese e estar próximo há uma grande variedade de vida aquática para alimentação.

Isto ocorre em recifes de corais como o maior do mundo localizado na Austrália, quando eles estão relativamente próximos da superfície com boa penetração de luz solar, temperatura próxima a 24,5 °C até 28,3° e concentração salina baixa.

Por essas condições é que tais corais, apesar da exploração do rio amazonas, não ter sido encontrado rapidamente. Muitos pensavam que não havia nenhum recife de corais na região.

Porém, o coral localizado na foz do Rio Amazonas é uma exceção e considerado pelo Greenpeace como um milagre da natureza. Na região subaquática onde o recife foi encontrado não havia nem mesmo 2% de penetração solar, o que impossibilita que os corais se sustentem com a fotossíntese.

Isto deve-se tanto a profundidade quanto às águas turvas do Rio Amazonas, que sendo o maior rio do mundo em extensão traz consigo diversos dejetos naturais, como troncos, materiais decompostos, entre outros, e qualquer outra coisa que venha a cair na correnteza do rio.

Então como que este coral continua a existir?

Existência da Recife de Coral Subaquática

Bem, pelo fato de na região onde ele se encontra haver bactérias das quais eles se utilizam para gerar matéria orgânica e energia través do gás carbônico, da própria água e de outras substâncias presentes no mar, o recife conseguiu se manter vivo.

Outro fato sobre o coral é que ele é grande e adaptável, ou seja, ele não é uniforme pela sua extensão. Ele pareceu se adaptar tanto as mudanças de luz como aos teores de água e temperatura de cada parte da região pela qual ele se estende.

Além disto, há a possibilidade de que novas espécies ainda não descobertas auxiliam com a manutenção de vida do coral. Afinal, este foi o primeiro recife de coral subaquático a existir nestas condições.

A extensão do Coral foi mapeada desde a fronteira com a Guiana Francesa até o Maranhão, por volta de 9,5 mil quilômetros quadrados, em 2017. Porém, com uma expedição no ano posterior foram descobertas novas áreas do recife.

Estima-se que ele possa ir desde o Caribe até alguma região do Sul do Oceano Atlântico. Formando um gigantesco corredor ecológico subaquático.

Controvérsia: Petróleo

Não é novidade que há alguns anos, com o foco da Petrobrás mudando para exploração do pré-sal, diversos lotes da região da Amazônia foram e estão sendo vendidos para petroleiras com o intuito de exploração dos mesmos.

Sendo que, inclusive, foram vendidos lotes que sobrepunham parte do recife de corais e de suas redondezas. Sendo um deles pertencente à empresa Total. Então mesmo antes de sua descoberta e possível exploração ecológica ele já sofre com possibilidades de destruição.

Houve também uma tentativa de negação da existência do recife de corais, por um professor da Universidade Federal do Pará, apesar de diversas expedições terem sidos realizadas ao mesmo, dos relatos, e das evidências fotográficas.

No lado contrário, houve a tentativa de aprovação de um projeto de lei que transformava a área do recife dos corais e suas redondezas no Amazonas e Amapá, em áreas protegidas, ou seja, onde não é permitido exploração dos recursos naturais.

Este projeto de Lei, 10333/18, foi rejeitado pela Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia, em 2019. Onde foi dito que a exploração de recursos naturais nesta região é permitida, desde que acompanhada de medidas rigorosas de proteção ambiental.

Verdade sobre os Corais na Foz do Rio Amazonas

Estes corais são realmente importantes para o ecossistema marinho, e para o ambiente? A resposta é sim. Algumas das razões são:

  • Corais são responsáveis por ao menos 25% da diversidade marinha;
  • Eles são parte integral para a existências de diversas espécies como peixes e algas (estas que são as maiores produtoras de O2, no mundo.);
  • O coral subaquático descoberto desafia as regras antes previstas para existência de corais;
  • É o primeiro do mundo a ser descoberto nessas condições;
  • Pode possuir diversidade biológica gigantesca, com novas espécies de plantas e animais;
  • Auxilia com o estudo da biologia do local e de condições para se manter a vida aquática;
  • Primordial para o possível descobrimento de outros recifes de corais no mundo;
  • É um tesouro da natureza no quesito ecológico, um verdadeiro milagre.

Esta é uma das maiores descobertas ecológicas dos últimos anos, tanto que até 2017 não se havia nenhuma foto deste tipo de coral registrada no mundo. O que o torna um propulsor para novas expedições e novas descobertas.

Além do mais, irá gerar um novo conhecimento sobre as espécies que o habitam, podendo incluir espécies nunca vistas antes. Como se diz em uma frase bem famosa: “Conhecimento não tem preço.”

E por todas estas razões este recife de corais é extremamente importante, logo sua preservação é basicamente obrigatória.