No mês de setembro desse ano, os registros de focos de queimadas em Rondônia, feitos por satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), constaram que logo na primeira semana houve alta de 70%, com 1.021 focos de fogo, enquanto na segunda semana a soma passou de 1,5 mil. Em agosto, o Estado havia chegado a quase 500 focos registrados na primeira semana, o que já evidenciava aumento em comparação ao mês de julho, que fechou em 428 pontos de queimadas. Retrospectivamente, o Estado iniciou o mês de setembro com alta logo nos primeiros 7 dias, já na segunda semana, entre o período de 8 e 13 de setembro, os registros foram de exatos 1.518 focos de queimadas, somando alta de 4%, uma vez que no mesmo período do ano passado, 2019, os pontos ativos foram de 1.457. Mais recentemente, dados afirmam que ainda no mês de setembro, entre os dias 22 e 29, foram registrados 567 focos de queimadas. Os registros seguem sendo do satélite de referência do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). O acúmulo atingiu 27,1% a mais que o mesmo período do ano de 2019, que obteve 446 focos de fogo.

O estado de Rondônia em alerta

Permanecendo em 4º lugar na posição nacional em relação aos estados que tiveram registros de foco das queimadas, Rondônia ficou atrás apenas de alguns locais, como:
  • Pará (com 1.228 focos de fogo);
  • Mato Grosso (com 699);
  • Amazonas (com 371).
Os focos das queimadas se estenderam à capital Porto Velho, que está em primeiro lugar no ranking das cidades do Estado com maiores pontos ativos, totalizando 157 casos. Além disso, as queimadas atingiram regiões dos municípios de Nova Mamoré, com 67 casos, Cujubim, com 33, Costa Marques, com 29 e Guajará-Mirim, com 25. Sendo estas as 5 regiões com maiores focos nesse período do mês de setembro. Já no ranking geral do Brasil, Porto Velho permanece em destaque, uma vez que é a segunda cidade com maior alta de queimada, conforme a seguinte listagem:
  • São Félix do Xingu (PA), cujo registro é de 181 focos;
  • Porto Velho (RO), com 157 focos;
  • Sena Madureira (AC), com 139 casos;
  • Altamira (PA), totalizando 104;
  • Xapuri (AC), também com 104 casos.
É fato que não se trata de um problema recente no Estado, uma vez que em 2019, por exemplo, em um período de 8 meses, houve acúmulo de 6.701 casos ativos. Se compararmos o mesmo período com o de 2020, é possível considerar queda nas queimadas de Rondônia, pois entre 1° de janeiro a 31 de agosto, o número foi de 3.876 focos, totalizando 42,1%. No entanto, comparando um mês de 2020 a outro, por exemplo, fica notório um quantitativo aumento em relação às queimadas, visto que se julho obteve 428 casos ativos e agosto terminou em 3.086, a alta foi de 621%.

50 focos das queimadas em Rondônia são de terras indígenas

O estado da Rondônia possui grande relação com os indígenas, uma vez que em sua região há diversos povos habitantes de seus municípios. Dentre estes povos, estão:
  • Pakaanova (ou Oro Wari), em Guajará-Mirim e Nova Mamoré;
  • Gavião, situados em Ji-Paraná;
  • Karipuna, em Nova Mamoré e Porto Velho;
  • Karitiana, em Porto Velho;
  • Aikanã e Kwazá, em Parecis.
Nesse sentido, com o Estado totalizando mais de 560 casos de queimadas entre 22 a 29 de setembro, as terras indígenas também foram vítimas desses focos. Estima-se que dos 567 casos registrados, 50 sejam equivalentes de terras como TIs Uru-Eu-Wau-Wau e Karipuna, por exemplo, que são as mais prejudicadas. Foram detectados cinco pontos de chamas na primeira mencionada e seis na segunda, além de mais 52 registros em outras unidades de conservação do Estado. É importante analisar sobre o aumento dos focos das queimadas nas terras indígenas em comparação com o mesmo período do ano passado, 2019. Entre 1º de janeiro e 30 de setembro de 2020, os registros foram de 602 pontos ativos nos povos contra 482 de 2019. Sobre isso, dados recentes do Programa Queimadas do Inpe analisaram as TIS e os focos de fogo de suas regiões, o que gerou a seguinte lista das TIS com mais prejuízos:
  • Massaco – 95
  • Rio Branco – 75
  • Uru-Eu-Wau-Wau – 72
  • Pacaas Novas – 62
  • Karipuna – 55
  • Igarapé Lage – 33
  • Roosevelt – 33
  • Igarapé Lourdes – 30
  • Sete de Setembro – 29
  • Rio Negro Ocaia – 23
  • Tubarão Latunde – 18

Entenda os focos de queimadas

O acúmulo de queimadas tem relação direta ao que é chamado de “ciclo de desmatamento”. As queimadas estão ligadas ao desmatamento, uma vez que o solo é desmatado para ser usado na pecuária ou no plantio. Isso significa que as queimadas não ocorrem naturalmente, mas são provocadas com objetivo de preparação para a agricultura, por exemplo. Após a “limpeza” do solo, há a tomada da terra e, se não houver impedimentos, o próximo passo é explora-la. Nesse sentido, as queimadas são provocadas por fontes de ignição (naturais ou antrópicas), material combustível e condições climáticas. Na Amazônia, por exemplo, os pontos de queimadas são ocasionados pela madeira desmatada que permanece secando por meses, sendo incendiada depois para a agricultura ou pasto. A devastação de queimadas e desmatamento na Amazônia e no Pantanal estão sob índice de crime ambiental, segundo investigações da Polícia Militar.

Ações contra queimadas em Rondônia

Ações de combate e de orientações ao desmatamento e queimadas em Rondônia foram notícia na página da Secretaria de Estado do Desenvolvimento Ambiental da região, em julho de 2020. Segundo a matéria, o Governo de Rondônia teria intensificado tais atividades, que seriam dirigidas pelas coordenadorias de Proteção Ambiental (Copam) e Educação Ambiental (Ceam), entre contribuições também de outros segmentos. Algumas das ações realizadas foram:
  • Campanha e informações sobre queimadas em Guajará Mirim, Nova Dimensão e Nova Mamoré;
  • Atuação de equipes em Santa Luzia, Alta Floresta D’Oeste e Alto Alegre dos Parecis;
  • Outra equipe atuou em União Bandeirantes, Distrito de Extrema, Nova Califórnia, Vista Alegre do Abunã e Fortaleza do Abunã;
  • Operação na linha MP-176, em que foram apreendidos 10m³ de madeira e objetos de crime ambiental;
  • Fiscalização na Reserva Extrativista Aquariquara, na qual indivíduos foram flagrados diante de vários crimes ambientais.